Quando falamos de diversidade, de imediato pensamos na adaptação de uma pessoa perante o outro. Complexa e mutante, já que nenhum ser humano é igual ao outro, adaptação é o desafio. Somos todos muito semelhantes e diversos, e frequentemente expostos ao julgamento e a aprovação do outro.

Scott Page, diretor do Centro para Estudos de Sistemas Complexos da Universidade de Michigan (EUA), observa dois tipos de diversidade. A aparente, baseada em estereótipos (gênero, etnias, idade, nacionalidade, por exemplo); e a diversidade baseada em modos de pensar, perspectivas de mundo, modelos de previsão, visão de mundo influenciada pela formação cultural e experiências pessoais. Além desse conceito quero compartilhar reflexões minhas: aceitar o diferente, traz embutida uma certa arrogância, pois pressupõe que o meu modo de ser é o que tem a autoridade para aceitar ou não. Incluir, significa trazer para dentro do seu círculo, e não pular para dentro do círculo do outro, nem aumentar a intersecção dos círculos.

Conviver é o termo que abarca tudo isso. O que aconteceria se eu deixasse um pouco de lado tudo o que prezo para simplesmente sentar e ouvir outra pessoa falar sobre os seus valores, posições e observações? Um exercício provocador, que nos desafia a abrir espaço para o outro (e para nós mesmos!). Acredito que aí “conviveríamos” uma verdadeira aceitação, com efetiva diversidade de valores, pensamentos, ideias, gostos, sentimentos, paixões…

Esses fatores orbitam nas empresas, mas as lideranças precisam se comprometer a sentar, prestar atenção e refletir sobre a evolução social atual e incorporar a convivência entre todas as diferentes tribos.

Precisamos aprimorar nosso hábito de construir relacionamentos autênticos dentro do ambiente de trabalho, fazer conexões que possam somar e multiplicar, agregar valores éticos e emocionais também. Novos tempos implicam adaptações. Adaptações implicam reavaliar posturas e crenças. Respeitar a nós mesmos, aos outros, e às interações entre todos.

Cuidado com o “respeitar a maioria”, que no final da história traz muito do mesmo. Seria atropelar a diversidade e ficarmos todos iguais e muito chatos. Não só pela legislação e a implementação de cotas, noto maior conscientização, valorização e também maior esforço das empresas para fomentar ambientes de convívio com deficientes físicos, raças, gênero, nacionalidades, formação e classe social. Seja pela questão da cidadania corporativa, pela questão de ter em seus quadros representantes da diversidade de seus consumidores ou mesmo pela crença na diversidade como força motriz da inovação. Estamos, entretanto, tratando de mudança cultural, que vem ganhando espaço, mas ainda não atingiu um ponto de inflexão e aceleração da prática, o que levará a uma transformação positiva das empresas e da sociedade.

Experimentei ambiente de convívio amplo em empresa de Contact Center. Jovens e seniores, opções sexuais distintas, origens sociais diferentes, regiões do país. Apesar do desafio de gestão desse setor de Contact Center, que nós conhecemos e como clientes criticamos, há uma experiência importante de convívio acontecendo. Também experimentei ambiente de convívio alavancando um modelo de gestão inovador na Klabin. Uma empresa centenária onde convivem conhecimento e energia, experiência e ousadia, mentoria e busca. Esses são exemplos de mesclas que impactam positivamente a saúde organizacional e consequentemente o resultado do negócio.

Autor: Sérgio Piza.

Publicação na Revista: Harvard Business Review.

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